Tese de Doutorado Dra. Sueli Marino
“Permanências e reconfigurações da intimidade na modernidade líquida: a implosão da divisão entre o público e o privado.”
RESUMO:
Esta pesquisa está ancorada na análise de práticas discursivas que tem por foco a linguagem como ação. Como tal, a “intimidade” foi trabalhada como repertório linguístico que está inserido em uma temporalidade que é tanto de tempo longo quanto de tempo do “aqui e agora”, e é nesta tensão entre repertórios históricos e usos atuais que se inscreve esta tese. Com base nessas considerações, o objetivo desta pesquisa foi analisar o uso de “intimidade” em artigos científicos buscando permanências e reconfigurações de práticas a ela relacionadas, de modo a refletir sobre as mudanças sociais que contribuíram para a fragilização da distinção entre o público e o privado na sociedade contemporânea, sobretudo na esfera dos direitos à informação e da exposição da intimidade resultante das tecnologias de comunicação. Tratando-se de tema que tem longa história, a estratégia utilizada foi a de demarcar categorias analíticas a partir dos artigos localizados em uma biblioteca eletrônica que disponibiliza textos publicados em acesso aberto: a SciELO. Com o intuito de definir as categorias que possibilitariam a análise de permanências e reconfigurações da intimidade, foi feita a leitura de cada artigo e elaboradas resenhas que possibilitaram classificar em três categorias o uso que cada artigo fez de intimidade: experiência intersubjetiva, direitos e exposição e mercantilização da intimidade. O passo seguinte foi colocar o tempo longo dessas categorias em confronto com os modos de utilização da noção no contemporâneo, discussão esta realizada em três capítulos: um voltado às fronteiras e tensões entre o espaço público e o privado; outro voltado às relações entre direitos e intimidade e o último referente às transformações decorrentes das novas tecnologias quanto à mercantilização e exposição da intimidade. Os resultados da análise apontam que a noção de intimidade toma formatos específicos no enquadre das transformações que vêm ocorrendo entre espaços públicos e privados, de modo que a privacidade, tal qual havia na Modernidade, fica cada vez mais fragilizada e independente da nossa vontade ou consentimento.
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